quinta-feira, 26 de abril de 2007

O Homem Moderno

Um passa por ela, fazendo a de cinzeiro.
E ela, passiva, nada faz.
Rompem o concreto das calçadas, suas raízes,
Arvores,
Que lutam com a fiação, por um lugar ao sol,
E passa o sujeito, que a confunde com um poste,
Fazendo de lixo a pouca terra ao redor.
E a arvore passiva, nada faz.
Um outro passa, motorizado, combustível fóssil não renovável,
Expelindo pela janela parte de sua natureza descartável,
Parte de sua alma de plástico não biodegradável,
E entopem-se bueiros,
E o meio em que vive se torna um espelho,
A enxurrada leva com ela o barraco do miserável,
E a consciência desse homem moderno.
Passa ali um arremedo de gente, diz-se marido,
Engole a amante, sem garfo, sem faca,
E a patroa em casa,
Cuidando dos filhos e do olho roxo, presente do cônjuge.
E as duas, passivas, nada fazem,
São meros pedaços de carne.
E quando se fala em mudar,
A platéia ri conformada,
Dizendo que não tem jeito não,
Joga o saco da pipoca no chão,
E continua com o espetáculo lá fora,
É carnaval, corrupção,
Cadê a consciência? Cadê a conscientização?
Dinheiro não se come,
E a humanidade só aprende com a indigestão.

2 comentários:

taimuller disse...

a humanidade aprende nem com a indigestão. dinheiro é comida, mulher em casa refeição, árvore na rua enfeite. a conscientização não existe, mais um sonho utópico dos poucos que não participam da platéia, nem do espetáculo. consciência todo mundo diz ter, mas é ignorante o suficiente para não utilizá-la. e enquanto isso vamos seguindo à caráter no palco, de carne, objeto, perfeitas marionetes. pq tudo aqui é carnaval, tudo termina em pizza, corrupção ninguém mais lembra, ninguém mais sabe de nada, mais um show em que a platéia insistiu em não abrir os olhos.

e homem moderno? espécie evoluída do macaco? me avise quando encontrar um de verdade!

Leandro disse...

achei mto foda esse texto, coisas que eu costumo pensar :]