domingo, 24 de fevereiro de 2008

Cancha

Raspa-se do couro o cabelo,
Erguem-se conceitos, arranham céus,
Impermeabilizam,
Depois trepanam;
Doces gêiseres cerebrais.
Raspa-se dos céus o maná,
Depõe-se em cinza, o azul,
E em asfalto, a Canaã.
Cancha.
Lindos cavalos lobotomizados.
Raspa-se do asfalto o estrume,
Fertilizam,
Erguem-se arranha-céus,
Depois demolem.
Raspa-se da calvície o sustento,
Depois expendem, extorquem, expelem.
Cancro supremo da existência,
Húmus do caos:
Humano.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Circo

Serei breve, e que eu consiga terminar o texto assim como consigo segurar o vômito.

Novamente, a incompetência atua, papel principal, incentivada pelo fogo, fumaça e corpos incandescentes, provenientes do maior desastre da aviação brasileira, que fazem a vez de fogos de artifício. E ao lado da incompetência, no picadeiro, as irmãs, burrice e cara-de-pau.
Sim, a cara-de-pau aceitou sediar e organizar os jogos pan-americanos. A burrice o organizou superfaturando obras, á verba pública, e não lucrou com a superfatura. Isso por que o cronograma estabelecido não foi cumprido, e é como dizem por ai, tempo é dinheiro.
Parem e reflitam por um segundo: superfaturar sem lucrar é burrice, certo?
Por que não se superfaturam obras no campo da saúde e educação pública? É! Que sejam superfaturadas, mas que sejam!
Aposto que a parcela descontente do público circense se contentaria. E público contente é uma boa, se tratando de políticos e palhaços. Acho que fui redundante.
Contudo, bilhões são desperdiçados, de forma ininteligível, com instalações de primeiro mundo, para os jogos pan-americanos. Descartando o fato de que o Brasil não é um país de primeiro mundo. Investir no esporte sim, mas não de forma impensada. Burrice! Não há adjetivo melhor que classifique tais atitudes. Talvez palhaçada.
Isso sem falar nos menores abandonados que foram recolhidos á instituições, até novembro, para que estrangeiros tenham a impressão de que o Rio de Janeiro é uma cidade ‘limpa’. E depois de novembro? Acertou quem respondeu que os menores voltarão ás ruas.
E é claro, a mídia se encarrega de manter a chama carnavalesca acesa. A chama do pan também. Agora com licença, que eu não consegui segurar o vômito.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

A Influência Política da Igreja Católica

O que acontece por de trás das cortinas que nos impedem de ver o espetáculo?

O envolvimento político da igreja católica é um tanto quanto questionador, levando em consideração que a mesma prega a todos que ouvem, de olhos fechados, que seus objetivos são opostos ao "materialismo" gerado pela tal política.
O que explica o caráter dominador da igreja?
Por que o cristianismo se espalhou como uma praga por todos os quatro cantos do nosso mundo quadrado?
Caberia a nós fiéis necessitados de apoio espiritual, procurar ajuda nos braços (ou seriam tentáculos) da igreja, e não o contrario, que é o que acontece.
Por que a igreja católica apóia um partido político cujo partido político concorrente está tentando eleger um candidato a senador evangélico?
Por que? Por que?
Por que a igreja católica, há tempos atrás, era maior detentora de terras na Europa, mantendo na palma de suas mãos maquiadas de terra um rei crente e cego?
Por que a igreja católica destruiu e escondeu todos os elementos que prejudicariam sua ascensão?
Há sem duvida um interesse político colossal e sujo por parte da igreja católica.
Uma instituição demagoga, capitalista e alienadora, que por algum motivo, (motivo esse que definitivamente não é de boa fé) se impõe soberana diante de uma legião de cegos fiéis, disseminando e mostrando só o que satisfaz tal interesse.
Há sem duvida uma engrenagem católica escondida dentro do sistema, que movimenta sem o nosso conhecimento, algo grandioso e obscuro demais.
Por que a igreja foge tanto dos princípios primordiais pregados pelo seu messias?
A resposta parcial de tantas questões sem resposta baseia-se em um mal necessário chamado dinheiro.
A resposta parcial.
A única certeza: a igreja não é santa. Seu envolvimento político e seus lucros obtidos com tal envolvimento nos são desconhecidos.

E é lógico, como sempre acontece quando tal assunto é abordado, o espetáculo termina sem final.

sábado, 23 de junho de 2007

Reprise de Domingo a Tarde

O asco me vem á boca, e é domingo,
O patriarcado dos falos é reprisado,
Na televisão.
Glória á desigualdade, á homofobia,
Não é fevereiro, mas é carnaval!
O asco me vem á boca e é domingo,
A falocracia canibal corrompe vulvas,
Encoberto pelos panos das batinas,
Do catolicismo falaz e fanático.
Glória ao dízimo percapita,
Ao descarte das camisas-de-vênus,
Não é fevereiro, mas é carnaval!
Glória á depravação da mulher,
E ao conformismo,
Da nossa sociedade patriarcal, preconceituosa,
Desigual!
E é tudo transmitido ao vivo, o asco me vem á boca,
E o inédito se assemelha á reprise, não é fevereiro,
Mas é carnaval!

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Ode ás Maçãs Podres

Pecado capital!
Raiz, potência fracionária da macieira,
Responsável pela megalomania canibal humana!
Pecado capital!
Maçãs podres e originalmente mordidas,
Corrupção oriunda,
Padrões corrompidos.
Poder! Posto hierárquico maior,
Galho mais alto da macieira,
Sustentado pela raiz!
Pecado capital!
Onde se alimentam de entranhas semelhantes,
Cristos, filhos transgênicos do seu deus,
Implementando montantes legislativos,
Ao invés de adaptar a legislação.
E quanto mais leis, mais formas de burlá-las são concebidas,
E o sistema gira em falso, ciclicamente,
Engrenagem banguela,
Coroa desdentada de espinhos,
Trono do rei!
Oh, pecado capital!
Canibal!
Ave, montantes legislativos!
Ave, despotismo e suas milhares de bocas famintas e insaciáveis,
Ave, legislativo, executivo e judiciário,
E suas fazendas latifundiárias,
Ave, o cultivo e a pré-concepção ensaiada em tubos,
E a venda de milhares de almas alienadas,
Ave, pecado capital!
Que o veto seja vetado das missas!
E quanto mais leis, mais formas de burlá-las são concebidas,
Mais sementes implementadas em covas rasas,
E ave, a subsistência,
O giro falso da engrenagem,
O déficit empenhado em novas medicinas,
A morte da prevenção e a incessante obtenção de lucros!

sábado, 12 de maio de 2007

Operário Automático

A sociedade segue cega, em fila,
Saturada por fazer o que tem que fazer, sem saber porque faz,
Esbarra em semelhantes, aos montes,
Guiada e induzida, engrenagem mor de um sistema cíclico,
Parasita e hospedeiro, simultaneamente.
A boca aberta, as moscas rodeando,
Carniça ambulante que somos,
Soterrados pela existência que nos é imposta,
Operários automáticos!
E quando se houve o sussurro da revolução,
A sociedade segue cega, em fila,
Trabalhando em prol da evolução,
Saturada por fazer o que tem que fazer, sem saber porque faz,
Soterrada na depreciação de seus valores,
Onde o conceito de paraíso gira em torno da obtenção de capital,
Onde todo o absoluto se torna subjetivo a favor da satisfação do ego canibal.
Guiada e induzida, engrenagem mor de um sistema cíclico e sem fim,
A sociedade segue, esbarrando em si mesma,
Proferindo maldições, ao invés de costumeiras saudações,
Segue desacreditada, porém situada,
Consciente e conformada em relação ao inferno dantesco que habita,
Segue apressada,
Vassala do relógio,
Esperando que caia do céu, como a chuva que já não satisfaz a sede, a solução,
E quando se houve o sussurro da revolução,
Segue cega, em fila,
Maldizendo o atual e desacreditando o conceitual,
Trabalhando em prol da evolução, sem notá-la,
Caminhando sem progredir,
Principal responsável pela corrupção do sistema,
Por ser conivente com a podridão, idealizar sem agir,
Saturada,
Seguindo cega o caminho, no piloto automático,
Esperando coibida, pela revolução,
Desacreditada por si mesma, para fazê-la,

Chegando ao fim sem saber porque chega.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

O Homem Moderno

Um passa por ela, fazendo a de cinzeiro.
E ela, passiva, nada faz.
Rompem o concreto das calçadas, suas raízes,
Arvores,
Que lutam com a fiação, por um lugar ao sol,
E passa o sujeito, que a confunde com um poste,
Fazendo de lixo a pouca terra ao redor.
E a arvore passiva, nada faz.
Um outro passa, motorizado, combustível fóssil não renovável,
Expelindo pela janela parte de sua natureza descartável,
Parte de sua alma de plástico não biodegradável,
E entopem-se bueiros,
E o meio em que vive se torna um espelho,
A enxurrada leva com ela o barraco do miserável,
E a consciência desse homem moderno.
Passa ali um arremedo de gente, diz-se marido,
Engole a amante, sem garfo, sem faca,
E a patroa em casa,
Cuidando dos filhos e do olho roxo, presente do cônjuge.
E as duas, passivas, nada fazem,
São meros pedaços de carne.
E quando se fala em mudar,
A platéia ri conformada,
Dizendo que não tem jeito não,
Joga o saco da pipoca no chão,
E continua com o espetáculo lá fora,
É carnaval, corrupção,
Cadê a consciência? Cadê a conscientização?
Dinheiro não se come,
E a humanidade só aprende com a indigestão.